Automação reduz a conta da energia e garante a qualidade do produto

Automação reduz a conta da energia e garante a qualidade do produto

Ao contrário do que muitos imaginam, as ferramentas de monitoramento e controle de câmaras e expositores são aplicáveis a instalações de qualquer porte com baixo custo de investimento

Foi-se o tempo que a automação de sistemas de refrigeração era destinada apenas a grandes instalações. Proprietários de pequenos estabelecimentos precisavam contar com a sorte, ou com o extremo zelo, para preservar as condições das suas mercadorias. Há histórias de proprietários de câmaras frigoríficas que, após perderem toda a carga, estabeleceram a rotina de acordar durante a noite para verificar o funcionamento do equipamento.

Hoje, a realidade já é bem mais generosa com os diversos tipos e portes de estabelecimentos que utilizam a refrigeração. Há sistemas para todos os bolsos e habilidades. Uma grande instalação, com dezenas de pontos de controle e dotada de equipes próprias de engenharia e manutenção, encontra sofisticadíssimos sistemas. Um pequeno proprietário de câmara frigorífica ou expositores, sem qualquer formação técnica, pode monitorar os vários parâmetros da instalação a partir do smartphone e, inclusive, receber alarmes, sem prejuízo do sono. O mesmo pode-se dizer de mantenedores que podem controlar à distância o seu contrato e, se necessário, chegar ao local da instalação já com o diagnóstico formado. E, o melhor, com investimentos extremamente compensadores e de rápido retorno. Afinal, os benefícios são muitos, indo da preservação da integridade dos produtos armazenados à redução do custo energético e aumento da vida útil dos equipamentos.

“O maior vilão da refrigeração comercial é a conta de energia elétrica. Hoje, esse setor busca por soluções que promovam a eficiência energética, como controladores digitais inteligentes com funções de setpoint econômico, controladores para centrais de racks, uso de válvulas de expansão eletrônica, softwares e aplicativos de gerenciamento via internet, equipamentos com compressores de velocidade variável etc.”, diz Rodnei Peres, Vice-diretor Comercial da Full Gauge Controls.

Luiz Villaça, da engenharia de aplicação da Rac Brasil, coloca, dentre os diversos benefícios do emprego das tecnologias atuais de automação e controle na refrigeração comercial, o potencial de economia energética, conveniência, possibilidade de acesso remoto e facilidade de operação.

José Matheus Olszewski, coordenador de automação da Eletrofrio, coloca a redução de custos, diretos e indiretos na geração de frio como o principal ganho na aplicação de automação e controle em sistemas de refrigeração comercial. “Com um controle eletrônico o sistema se torna mais estável. Esta estabilidade é traduzida em um aumento da eficiência energética, com efetiva redução do consumo de energia elétrica, além de melhorar a qualidade do frio e diminuir o índice de falhas em componentes.”

Não restam dúvidas de que a automação oferece inteligência à operação das instalações e que, além de proporcionar ganhos em termos de eficiência, é importante ferramenta para tornar o sistema confiável.

Ferramentas disponíveis

No mercado pode-se encontrar diversas ferramentas para a construção de sistemas de automação e controle, assim como de monitoramento. Tais ferramentas não possuem atualmente um alto custo de implementação e operação e, não raro, podem até ser gratuitas. “Há muitos anos o mercado já conta com sistemas de tratamento de dados online e gratuitos, como é o caso do software Sitrad Pro e o aplicativo Sitrad Mobile da Full Gauge Controls, que chegaram ao mercado em 1997 para democratizar o acesso à informação das instalações que utilizam nossos instrumentos, pois permitem o monitoramento em tempo real via internet, alteração de parâmetros, configuração de alarmes, emissão de relatório gráficos e muito mais. A sua interface é muito amigável, então, o proprietário de um minimercado de bairro pode usar em seu estabelecimento, por exemplo”, relata Peres.

Em síntese, é possível ter um monitoramento e controle das instalações através de sistemas de supervisão local que centralizam todas as informações obtidas por controladores e demais dispositivos de obtenção de dados.

É bom lembrar que o sistema de monitoramento tem como objetivo principal garantir a qualidade da refrigeração e dos produtos armazenados ou expostos para venda. “Portanto, se faz necessária a medição de temperatura em todos os ambientes de maneira individual. Assim como a comunicação rápida de qualquer alarme da instalação. Não menos importante, o monitoramento tem por objetivo trazer soluções para redução do consumo de energia elétrica. Não é só investimento, mas também mudança de procedimento e cultura operacional”, lembra o coordenador de automação da Eletrofrio.

A automação aplica-se a pequenas instalações?

Por vezes é possível ouvir de proprietários de pequenas instalações que o investimento em um sistema de automação, controle e monitoramento ainda é alto. Será que tal afirmação condiz com a realidade?

Villaça, da Rac, atribui essa percepção à natural resistência a mudanças. “A substancial redução dos desembolsos para a automação de sistemas de refrigeração comercial tornou esse investimento, na maioria dos casos, totalmente justificável para instalações de pequeno porte. Os benefícios resultantes e a redução nos riscos já lhes dão sustentação. A percepção de baixa atratividade parece ser resultado da natural resistência a mudanças, de uma infraestrutura nem sempre adequada e da carência de material humano capacitado.”

“Apesar dessa afirmação não condizer com a realidade, sabemos que ainda existe esse receio, pois, realmente alguns sistemas de automação custam muito caro. Não é o caso do Sitrad PRO. Disponibilizamos ao mercado um software gratuito para que todos possam se beneficiar das suas vantagens. O custo do investimento é muito baixo: apenas controladores com comunicação serial e os conversores de dados, que se pagam em 5 ou 6 meses de uso do sistema. É um valor pequeno se comparado a toda segurança oferecida”, explica o vice-diretor da Full Gauge.

O que define o porte de uma instalação é a quantidade de pontos controlados e a potência dos equipamentos. O sistema de automação pode ser o mesmo oferecido para todas as aplicações. A necessidade do usuário no gerenciamento e controle irá determinar o nível de automação a ser aplicada. Uma loja de conveniência pode ter o mesmo nível de automação de um hipermercado, por exemplo.

Dimensionamento segundo critérios técnicos e financeiros

Conceituado o que vem a ser um sistema de automação e sua aplicação nos diversos tipos de instalações de refrigeração, pode-se pensar no seu dimensionamento, de acordo com critérios técnicos e financeiros. Ou, o que é realmente necessário para cada tipo de instalação.

Peres, por exemplo, recomenda que o dimensionamento parta do número de pontos de controle e da complexidade da instalação. “Sempre vamos indicar que busquem por controles dedicados e fujam dos CLPs, que geralmente elevam os custos das instalações sem necessidade, porque demandam custos com programadores dos instrumentos e licenças de uso, sem contar que quando sofrem alguma avaria é necessário trocar toda placa.”

“Do ponto de vista técnico, é necessário a instalação de sensores em todas as áreas que têm armazenamento de produto refrigerado. Também é importante a instalação de medidores de energia para comprovar o ganho de eficiência energética por comparação com outras lojas”, é a recomendação do coordenador de automação da Eletrofrio.

Já o engenheiro de aplicação da Rac ressalta atributos como simplicidade e robustez. “Em termos técnicos, o foco deve ser em soluções simples, fáceis de operar, robustas e confiáveis. No aspecto financeiro, recomendamos um foco em desembolsos que tragam efetivos ganhos e redução de riscos, evitando aqueles excessos que não trazem claros benefícios.”

Trecho de reportagem publicada na revista Abrava + Climatização Refrigeração, nº 104, novembro de 2022.